terça-feira, 13 de outubro de 2009

UM ERRO JUSTIFICA OUTRO?


O blog Monólitos acusou, no post Escândalo no DMT de Quixadá, a presidenta Edi Leal de perder uma chance de democratizar o legislativo porque não permitiu um agente de trânsito se manifestar na tribuna no meio da audiência do diretor-superintendente do Departamento Municipal de Trânsito, Almeida Viana.

Faltou o referido blog publicar a justificativa da presidenta, apresentada durante a audiência. O regimento interno (disponível no site da Câmara) não permite manifestação de populares durante uma sessão ou audiência. Se ela permitesse isso poderia estar cometendo o descumprimento de seu dever legal. Somente os vereadores tem direito da fala durante a sessão. O momento de participação popular é na Tribuna do Povo que pode ser requerida à mesa diretora com, pelo menos, uma semana de antecedência.

CONDENAÇÃO PELA EDIÇÃO


O site Revista Central publicou uma matéria exclusiva na qual apresenta trechos de uma suposta reunião entre agentes de trânsito e o diretor-superientende do Departamento Municipal de Trânsito, Almeida Viana. No diálogo, ele cobraria uma cota mensal de multas para seus agentes. Propomos a seguinte reflexão sobre a matéria:

1) A edição de trechos transcritos da conversa pode revelar o que realmente aconteceu na suposta reunião? O sociólogo da cultura francês Pierre Bourdieu, no livro "Sobre a Televisão", adverte que, até quando bem intencionada, uma edição distorce inevitavelmente uma realidade dado que é um processo de ESCOLHAS baseadas em JULGAMENTOS dos editores que dizem o que deve ficar, o que não deve e a ordem do que será publicado.

2) Por que o site Revista Central não ouviu ou procurou ouvir Almeida Viana sobre a gravação, como todo jornalismo "imparcial" que se preze faz? Mostrar só um lado é o primeiro indício de tentativa de manipulação dos fatos.

2) Se realmente existe essa cota de multas no DMT, a quem cabe o julgamento da ilicitude? Prefeito? Controladoria? Câmara? Ministério Público? Lixamento pela população enfurecida? Guardas insatisfeitos? Empresários ganciosos das emissoras de rádio? Webjornalistas tendenciosos? Ou ao poder judiciário? Em Belo Horizonte, denúncia semelhante está sendo investigada. O Ministério Público provavelmente irá oferecer denúncia do caso na Justiça, mas ainda investiga.

3) Quem foi multado não cometeu as infrações? Se não, já apresentou recurso administrativo pedindo o cancelamento da multa?

4) Antes da gestão de Almeida, em 2008, como os agentes de trânsito estavam trabalhando? Cumpriam rigorosamente seus horários? Colaboravam para a organização do trânsito? Fiscalizavam a cidade? Realizavam blitzes? A imposição de uma disciplina de trabalho não gerou uma insatisfação?

5) Por que alguns guardas lavraram num mês mais de cem multas e outros quatro? Coincidência? Incompetência de alguns? Multas indevidas?

Há muito mais questões a discutir sobre essa situação do que acreditar cegamente num diálogo editado em trechos e publicado por um site na Internet.